terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Romantismo em Portugal

Romantismo em Portugal
Segundo António José Saraiva, História da Literatura Portuguesa
As circunstâncias em que se realizou a revolução política portuguesa dão ao romantismo português uma fisionomia própria. Ao contrário do que sucede em geral na Europa, onde o romantismo nasceu sob a reação contra-revolucionária e antifrancesa, o romantismo português é, no conjunto, solidário com a revolução liberal.
Para ele, os grandes escritores românticos, em especial Herculano e Garrett, são emigrados que regressam a Portugal debaixo de fogo e se batem nas linhas do Porto contra o miguelismo. Eles são os intérpretes dos ideais revolucionários e consideram a revolução literária como um dos aspectos da revolução social.
Por isso o romantismo português representa uma ruptura com o passado, do mesmo modo que a revolução política. Os temas, os gêneros literários, as ideias são importados de fora e impostos de cima para baixo, de fora para dentro, inclusive o seu nacionalismo medievalista. Se alguma tradição está atrás dos românticos portugueses, é a tradição pombalina, reformadora, antijesuítica e modernizadora. Verney, os árcades, a reforma da Universidade, os «estrangeirados» constituem a verdadeira introdução ao romantismo português. Por outro lado, as fontes do romantismo português são muito principalmente francesas, no que continua também o século XVIII e o iluminismo.
A influência inglesa é passageira, a alemã é superficial; e o que permanece de estável e aparece básico é a ideologia revolucionária francesa, assimilada pelos chefes do romantismo durante a emigração. Dentro deste conjunto há aspectos particulares que não desmentem aquele panorama geral: exemplos da influência inglesa e alemã, exemplos da ideologia contra-revolucionária, etc. Mas a solidariedade entre a revolução literária e a revolução político-social é o que em resumo caracteriza em Portugal o romantismo.

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